Três disparos. É o
que ela pensa quando ouve a campainha. Cabeça,
esterno e púbis. Seria uma bela sequência. Retilínea. Ao invés da Beretta, no entanto, ela alcança a maçaneta. Abre a porta e sorri para ele. Cinco passos à esquerda. Ela
se senta na velha a poltrona. “Não pensei que fosse te
encontrar em casa”. O relógio pisca 4:48. Ela pensa em Sarah Kane: "Às 4:48 quando o desespero me visitar enforco-me ao som da respiração do meu amante."
“Que horas são?” A perna direita chacoalha. “Eu conheço esse sintoma.” A perna para.'Não enche.' O relógio pisca 4:48. 'Umas seis da manhã.' O telefone dele toca. Ele desliga. O telefone dele toca. Ele finge que atende. “Caiu.” O telefone dele toca. 'Atende, porra!' Ele desliga o telefone. “Não achei que fosse te encontrar em casa.” 4:48. 4:48. 4:48. “E então?” Baço, rim direito e olho esquerdo. Três facadas . É o que ela pensa. Ao invés disso oferece café. 'Quer um café?' Decepar o membro de que ele tanto se orgulha. É o que ela pensa enquanto passa o café. “Encontrei o seu amigo... Como é que ele chama? Aquele baixinho de costeletas?” Despejar água fervendo dentro das calças dele. É o que ela pensa enquanto passa o café. 'Cê comeu?' Ele balança a cabeça afirmativamente. “Não tô com fome.” É, ele não deve estar com fome. É o que ela pensa enquanto estende a xícara de café.
“Que horas são?” A perna direita chacoalha. “Eu conheço esse sintoma.” A perna para.'Não enche.' O relógio pisca 4:48. 'Umas seis da manhã.' O telefone dele toca. Ele desliga. O telefone dele toca. Ele finge que atende. “Caiu.” O telefone dele toca. 'Atende, porra!' Ele desliga o telefone. “Não achei que fosse te encontrar em casa.” 4:48. 4:48. 4:48. “E então?” Baço, rim direito e olho esquerdo. Três facadas . É o que ela pensa. Ao invés disso oferece café. 'Quer um café?' Decepar o membro de que ele tanto se orgulha. É o que ela pensa enquanto passa o café. “Encontrei o seu amigo... Como é que ele chama? Aquele baixinho de costeletas?” Despejar água fervendo dentro das calças dele. É o que ela pensa enquanto passa o café. 'Cê comeu?' Ele balança a cabeça afirmativamente. “Não tô com fome.” É, ele não deve estar com fome. É o que ela pensa enquanto estende a xícara de café.
Quando ele diz que está se sentindo mal, ela não pensa nada.
Nem quando ele começa a estrebuchar e a espumar. Ela não pensa. Apenas se senta
com sua xícara à uma distância segura e assiste. Ela sabe que vai ser rápido e
não quer perder nenhum movimento. Quando ele para, ela volta para cozinha. Ela está com fome. Abre
a geladeira. Vazia. Então ela pensa: Acho
que vai caber.
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